domingo, 21 de agosto de 2011

Sótão empoeirado

Você vai seguindo sua vida, sem nem pensar o tanto de obstáculos que passou, vai pulando-os um a um de uma forma rotineira. Mas quando se menos espera, no mínimo vazio que toma nossa mente, aqueles sentimentos antigos, abraçados na poeira de um sótão voltam. Incrível como as pessoas se mostram tão fortes quando suas cabeças estão ocupadas, quando sentimentos estão adormecidos, quando as pessoas ao redor no colocam num rítmo único, num momento de sorrisos, de curtição, de coisas boas em geral. Porém, as pessoas só são fortes nesses momentos. Quando aquela rotina corrida, aquelas pessoas que sempre estiveram com você saem, nem que seja por um final de semana de calmaria, aquele velho gosto amargo retorna á boca. E nessas horas, a dor vem, e é aqui que você sente as cicatrizes. Você tenta pensar em como seriam as coisas se você tivesse aproveitado mais os tempos felizes (que você desconhecia serem felizes), em como as coisas teriam se desenrolado se você tivesse voltado atrás, se aquele seu amigo ainda estivesse contigo, se você tivesse ido pra outro lugar, se outras pessoas não tivessem errado com você... Esse velho pensamento, essas especulações, essas mexidas no baú da vida coberto de teias de aranha, conseguem colocar o homem num mar de mágoas, de possibilidades. Aí aquela definição de destino vem a tona, e você se perde, se perde e chora. Lágrimas que nem chegam a cair, mas que servem só pra aliviar esse amargo que voltou na boca. Depois você anda quilômetros no passado e chega no presente, olha como as coisas estão e tenta especular o futuro, cheio de planos, cheio de medos de cair nos erros do passado, cheio de insegurança, cheio de mais mágoa. Você olha o que você se tornou, pensa se está correto, pensa se não deve mudar algo, pensa se a vida não é injusta com você, pensa se toda essa injustiça não moldou um guerreiro... E no fim, no clarão de tantos pensamentos, de tanta nostalgia, nessa mente esfaquiada de sentimentos, você olha pra frente e axa que deve continuar refletindo, para assim, um dia chegar perto do que você queria ser. A única verdade aqui, é que a única definição aceitável de uma pessoa forte é aquela que reflete, que faz essa "via-crucis" da vida, chora, implora, se redime, ri, sorri, se indigna, levanta da cadeira, toma um café quente e diz sorrindo: "Eu só quero viver mais e mais e fazer os outros viverem mais e mais. Comigo"

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Prioridades e Preferências


A vida, como todos sabem, é puramente feita de escolhas. Pode ser que não percebemos, mas cada pequena decisão pode mudar completamente a nossa vida, o nosso futuro e consequentemente a forma como veremos e aprenderemos até o fim. Assim, caímos em um lago de indecisão, onde perguntas consomem nossa cabeça. Será que fiz o certo? Será que realmente fiz o que deveria ter sido feito? Afinal, qual a definição de "certo"?
Ao passo que caminhamos pela vida, muitas das nossas decisões são tomadas sem pensar, de maneira que torna-se uma rotina, acontecendo e acontecendo. E depois de uma longa estrada olhamos para trás e desejamos tanto que não tivésse-mos feito aquilo no passado. Mas então, como poderíamos viver, e chegar a um futuro que estejamos "satisfeitos" com o passado? Isso é totalmente utópico. Essa tamanha força tendenciosa do ser humano faz com que jamais consigamos atingir esse estado, de satisfação. Uma vida para ser agradável ela precisa de decisões certas e erradas. As certas serão guiadas pelo nosso caráter, que isso sim seja a definição de certo. E só serão aplicadas quando as erradas, distantes do nosso caráter, acontecerem, de tal forma que esses desvios sejam compensados pelo aprendizado. Entretanto, a mais ideal sabedoria, como já comentei em outros posts, é quando criamos uma prioridade, um ideal de preferência, de forma que seguindo-o tendemos a decisões corretas. Um "handbook" de preferência, eu diria, seria seguido para que possamos tomar atitudes em benefício nosso e de todos. Óbviamente que certas decisões, por mais certas que sejam, machucam, prejudicam, mas sempre com um fundo de cuidado, de carinho ou de proteção. Tomando atitudes seguindo esse hanbook, e por mais que não aja escolha ruim, procurar amenizar o máximo possível, a vida se torna mais leve, apesar de tudo que passamos e vamos passar. A preferência por aquilo que ajuda, que trás um bem-estar a alguém, evita machucar, obstruir pontes do bem, levar em consideração as dificuldades de cada um. Cada ser tem a sua muralha, uns com grandes muralhas, outros com pequenas porém íngrimes, e escolhe como ultrapassá-la, usando métodos "certos" ou "errados". Mas cada esforço que fazemos, cada atitudezinha que sofremos mas em prol de um bem alheio, ajuda a escalar essa muralha, por mais pequena que pareça, ajuda e muito. Todos sabem o que é bom, o que trás felicidade, sabe também de todos que sofrem, que tem muralhas muito diferentes da nossa, e sabe quem precisa de ajuda. Não vou citar exemplos porque axo que isso não é o certo, ficar comovendo as pessoas com histórias de vida, todos sabem do que acontece no mundo. Pense em tudo de ruim que acontece no mundo, agora multiplique por mil, talvez esse seja o número real de falta de respeito, de moral, de tristeza e de derrota que o mundo abraça. Não julgue uma atitude sem conhecer realmente a sua causa, pode haver um amor intenso por trás dela, e por mais que digam e façam nunca desacredite daqueles que perdem, que se machucam, pois eles vão se levantar e muito mais fortes do que se pensa. E como eu já disse no post anterior, a Lei da Vida está aí, tão forte quanto a exatidão das ciências do universo. Só basta vê-la e aplicá-la.