domingo, 5 de setembro de 2010

Inconstância Adaptativa

Tudo se resume a querer não ser só mais um, versus querer viver na sociedade atual. Uma verdadeira luta de caráter inconstante e com fins adaptativos a diversos modos de viver. O fato é que é tão monótono e pobre ser apenas uma massa de modelar esperando o seu convívio modelá-lo da forma mais viável que o meio oferece. Ser só mais um como todos, diferente, mas é só mais um. De pessoas comuns, ou quase comuns o mundo está cheio. E é essa massa podre que rege a mídia e os gostos atuais. Me parece que antigamente todos eram comuns, mas comum era ser incomum. Vontade amarga de não ter nascido no mundo contemporâneo. Mas como já disse, é uma luta, e essa batalha nunca vai acabar. Esse ponto, de não querer ser parte da massa, infelizmente, tem seu único ponto bom que é proporcionar um razoável bem-estar, do fato de aproveitar os demais sentimentos e ações carnais ou comuns. É bom aproveitar um pouco da futilidade. Me faz realmente bem aquele momento comum que alivia meu cérebro dos pensamentos que tentam fugir da normalidade imposta pela massa. É tão bom sentar num banco acinzentado e rir de uma eructação do Alexandre. E nesse lado da luta, eu me sinto bem, mas não totalmente, pois a sede de querer ser diferente não é cessada. Aquela vontade de sentir um mundo muito maior do que o que todos veem, vem e vai, me dando incostância pura. Passo tempos sendo só mais um no convívio com os outros, ou nem todos. Passo tempos sendo o diferente, mas aí o cão infernal da repulsão social me aflinge e mudo de novo. Volto a ser o comum, ou um comum um pouco mais incomum. Descobri que não há como ser completamente um lado e ser feliz. Acho que balanceando os lados da moeda, com cada lado sempre evoluindo, encontro o meio termo ideal. Porém, às vezes olho para trás e vejo o que perdi nao tendo escolhido um lado, mas acho que é melhor ter perdido um pouquinho de cada lado, do que perdido muito de um lado só. Não sei se um dia na minha vida, essa luta acabará, eu só sei que sempre mudo, pois os lados evoluem, e sempre alterno eles, para tentar encontrar a tal "felicidade clandestina" que Clarice me ensinou. Sou um comum por fora e um incomum por dentro, ou vice-versa, depende de como o meio me manda ser, para apenas nao sofrer (ou sofrer pouco). Percebo que sou apenas um discípulo da mãe natureza optando pelo equilíbrio, e esse texto é só pra justificar que não sou o que pareço, e que isso não é falta de personalidade, apenas uma incostância adaptativa, regida pelo equilíbrio entre a felicidade e o sofrimento.
Hoje descobri que sou um discípulo de Clarice Linspector. Abraço à todos!

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